Decepções... que causamos aos outros e a nós mesmos!
Perder uma vez ou outra é inevitável. Mas é, sobretudo, inaceitável. Mas, por que, se sabemos que as marés vão e voltam, se a felicidade não é uma constante e a infelicidade também não?
Quando precisamos admitir que falhamos na nossa vida, que seja sentimental, profissional ou em qualquer outra área, é difícil. Mas é mais difícil pra quem? Pra nós? Ou para os outros?!
O que mais faz mal, muitas vezes, em admitir uma decepção, uma falha, é que nos preocupamos com o que os outros vão pensar, o que vão dizer. Embora as pessoas, a vizinhança, o grupo de amigos e mesmo a família, não paguem nossa água e nossa eletricidade, nos preocupamos sempre com o que vão pensar caso não sejamos as pessoas "perfeitas" que deveríamos ser. Nos dizemos que é o que esperam de nós.
E por causa dessa expectativa que achamos que criamos nas pessoas ou na sociedade, preferimos viver numa farsa, uma comédia, onde representamos um papel, nem sempre de protagonista, mas um papel. Fingimos ser felizes, que tudo vai bem, que temos um grande amor, um casamento perfeito, amizades perfeitas, um trabalho ideal. Mas no nosso interior choramos.
Choramos as oportunidades que não nos damos. Choramos as escolhas que fizemos erradas e a dificuldade em admitir nosso erro. Choramos o tempo que passa e que não perdoa. Ocultamos de nós mesmos o pensar no dia de amanhã, porque isso nos amedronta. Nos enganamos dizendo que felicidade não é tão importante se temos uma aparente estabilidade. Afinal, "temos tudo". O que desejar mais da vida? Aos sonhadores os sonhos, aos idealistas os ideais!
Nossas decepções ficam bem guardadinhas em um canto qualquer da nossa vida. Somos espectros, sombras da nossa própria existência.
A verdade dói? Dói sim. Mas dói bem mais em nós que nos outros, disso tenho certeza. Os outros, por mais que se importem, acabam se acostumando.
Quando o um time perde um jogo, a tristeza maior não é a da perda em si. Mas da decepção que vai causar em seus milhares de torcedores cheios de expectativas. Mas os torcedores, mesmo decepcionados, se esquecem alguns dias depois.
Assim é na nossa vida. Se admitimos publicamente nossas falhas e desilusões, as pessoas, talvez e mesmo provavelmente, vão falar, vão comentar. Seremos por um momentos loucos ou perdidos. Mas nossa felicidade importa bem pouco para elas, que vão pensar em outra coisa alguns dias depois. Afinal, talvez nos julguemos bem mais importantes para os outros do que somos. E nossa vida não lhes pertence, ela nos pertence.
Só há mesmo um Alguém que se importa e que não se esquece. Alguém que nos conhece profundamente e que escuta nossos soluços noturnos. Alguém que sabe que uma decepção é apenas uma etapa na nossa vida e que não é isso que vai nos impedir de continuar. Alguém que nos ama mesmo se nos sentimos desolados e incapazes. Mesmo se não elevamos nosso pensamento a cada dia em oração. Alguém que conhece mesmo nossa sombra, ou a sombra do que somos e, apesar disso, nos ama.
E, cabeça erguida, decepções atrás de nós, vamos continuar. Perdemos hoje e ganhamos amanhã. As ondas vêm e voltam e as águas que correm sempre desembocam em algum lugar. As paradas acabam morrendo em si mesmas.
Texto de: Letícia Thompson
Um beijo,
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